domingo, 24 de julho de 2011

A minha paróquia: construção, desconstrução, aflição

Eis a história da minha paróquia, que eu amei porque me formou e me fez crescer. E agora eu não reconheço mais a sua linguagem e vejo que ela assume o rosto empoeirado do passado.

O relato é de Jeannine Antoine, leiga da Bretanha, na França, publicado no sítio Garrigues et Sentiers, 19-07-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

Quero contar-lhes a vida da minha paróquia desde o primeiro dia em que a integrei, depois de uma mudança. Abrange 35 anos, um caminho de fidelidade, por assim dizer.

Quando cheguei à minha nova paróquia em 1975, ainda bem jovem, o pároco encarregado pela pastoral havia me impressionado muito pela força das suas homilias: eram límpidas, bem estruturadas e apresentavam uma mensagem evangélica que descia ao coração e o habitava. Fundamentadas sobre a Palavra de Deus, elas iluminavam o meu caminho.

Em suma, eu encontrei naquele pároco um guia espiritual sem par. Pouco a pouco, a minha vida cristã, até então limitada à prática religiosa, se transformou, porque eu havia descoberto, graças a ele, um Cristo relacional esplendente de amor e de verdade. A paróquia tornou-se para mim a "montanha de Sião", a minha fonte de água viva.

Quando me foi solicitado, eu me tornei catequista para as crianças das escolas públicas e, com elas, redescobri o Evangelho passo a passo, como quando se livra um caminho dos espinhos. O diálogo da oração dialogante tornou-se familiar para mim. Tudo ia bem!

Mas, em 1996, depois de 22 anos de serviço, esse pároco pediu para se aposentar. Algo muito normal!

Ele foi substituído por um padre diferente em todos os sentidos. Por 22 anos, estivemos todos os domingos como na "Câmara Alta do cenáculo" e havíamos sido conduzidos a renascer do alto, pelo Espírito Santo. E, de repente, o novo pároco nos fazia descer ao nível da terra, porque a missão “ad gentes” do Concílio Vaticano II, isto é, a pregação do Evangelho a todos os homens era a sua maior preocupação. "Vão aos seus bairros, saiam dos seus cenáculos!", ele nos dizia, "a missão é ir ao encontro dos outros".

Logo, os paroquianos entenderam que perderiam a sua tranquilidade e que a bem-aventurança do Tabor havia acabado.

Alguns não suportam isso e abandonaram a paróquia; outros permaneceram, e eu estava entre estes últimos. Arregaçamos nossas mangas para fazer reuniões de bairro, visitas às casas, criar um jornal paroquial gratuito (distribuído por voluntários em todas as caixas de correio), organizar centros de bairro etc. Em síntese, sentíamos as correntes de ar atravessando paróquia, de tanto que a abertura era grande e exaltante.

Mas, depois de oito anos, para a surpresa de todos, esse pároco foi transferido, depois de um abaixo-assinado de um grupo de paroquianos em desacordo com a "administração".

Na falta de um sucessor adequado, a paróquia foi então fundida à que estava mais perto, já que os dois campanários distavam apenas 300 metros. De rivais como sempre haviam sido, as duas paróquias se viram obrigadas a trabalhar juntas. O pároco "comum", relativamente jovem (44 anos), homem fino e inteligente, soube conduzir o barco sem fazê-lo afundar. Grande arte pastoral!

Ele nos persuadiu da necessidade de “ampliar as estacas da tenda”, de romper as barreiras dos hábitos comunitários, de nos adaptarmos mutuamente. Para mim, essa experiência foi um salutar enriquecimento. Eu descobri novos rostos e estabeleci novas relações. Tudo ia bem, sem perder nada da vitalidade da minha velha paróquia.

Mas, infelizmente, isso não durou muito, já que, assim que recuperamos o equilíbrio, as autoridades diocesanas acreditaram ser oportuno voltar à situação anterior: cada um para a sua casa! Depois de três anos de equipes pastorais comuns, as duas paróquias se viam novamente dotadas de um pároco titular.

Assim, de volta à estaca zero, e a obrigação aos paroquianos de voltar para a sua casa própria. O que fizemos, como paroquianos obedientes que somos.

Mas havia uma "falha" que eu não demorei para descobrir. O novo pároco era, na realidade, só um administrador posto ali pelo bispo como líder de uma paróquia que devia fazer uma ampla acolhida aos fiéis praticantes da missa de rito tridentino. O que ele fez admiravelmente, já que vinha das suas fileiras. Assim, depois de cinco anos como padre administrador, ele foi, no ano passado, nomeado pároco titular da paróquia e instalado como tal. E depois, simultaneamente, vimos chegar um segundo vigário da mesma tendência. Assim, dois braços suplementares. Normal, vocês podem pensar, já que agora a paróquia tinha duas comunidades distintas. E, sobretudo, nada de mistura! Todos os domingos e durante as grandes festas litúrgicas, tudo é feito duplamente: duas vigílias de Natal, duas ceias da Quinta-feira Santa, duas vigílias de Páscoa etc. E com a preocupação com os horários, para fazer com que tudo caiba em uma mesma noite.

Alguns poderiam pensar: mas que maravilha! Que performance! Que dinamismo! Que eficiência!

Infelizmente, por trás do ativismo permanente que os nossos dois padres devem enfrentar e ao qual não podem se isentar, porque é a missão que lhes foi atribuída, vemos brotar as "boas velhas tradições". Com o retorno dos cíngulos e das rendas, o vocabulário das homilias se modificou: as crianças devem fazer pequenos sacrifícios durante a Quaresma para agradar ao bom Deus. Os adultos nada mais são do que pecadores que ferem o coração do bom Deus. O pecado da impureza voltou à moda, o santo sacrifício da Missa é o sacrifício propiciatório reiterado todo domingo pela remissão dos pecados, as almas do Purgatório aparecem nas nossas orações, e o inferno está à espreita.

O que dizer da pastoral implementada?

É um retorno às devoções piedosas como a recitação do Rosário, a bênção do Santíssimo Sacramento, a confissão semanal necessária para acolher de coração puro a Santa Eucaristia, as adorações ao Santíssimo Sacramento duas vezes por semana e as procissões ao redor da igreja duas ou três vezes por ano com as vestes pesadas dos hábitos de antigamente...

Devo confessar que a minha docilidade habitual não funciona mais e eu não posso engatar a marcha ré. Abandonei a igreja paroquial e fui me abrigar em uma pequena capela rural onde não há incenso, mas sim belas flores colhidas todos os domingos por uma senhora em seu jardim. Todos aqueles e aquelas que vêm aqui gostam de encontrar a Presença reconfortante do Cristo que se doa. E vão embora contentes, porque têm a certeza de que o amor que receberam é plenitude.

Infelizmente, a homilia que ouvem sempre os incomoda, porque é um dos dois padres que a faz, com as palavras de um outro século.

Assim, uma vez por mês, eu escapo para a paróquia irmã, a que me hospedou nos tempos da fusão e que foi economizada da desconstrução. Quando eu não conseguir mais ouvir pregações devastadoras, eu irei embora definitivamente. Por enquanto, eu espero, porque um ano ainda é um período muito curto para desertar e porque as minhas raízes ainda são profundas.

Eis a história de uma paróquia, a minha, que eu amei porque me formou, me estruturou. E agora eu não reconheço mais a sua linguagem e vejo que ela assume o rosto empoeirado do passado.

Lembro-me do canto do Amado para a sua Vinha:

"Meu amigo possuía uma vinha em fértil colina. Cavou-a, tirou-lhe as pedras e plantou nela videiras de uvas vermelhas. No meio, construiu uma guarita e fez um lagar. Esperava que produzisse uvas boas, mas..." (Isaías 5, 1-3).

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quinta-feira, 21 de julho de 2011

Sobre a ordenação de mulheres

"As mulheres têm motivos para estar zangadas com a Igreja, que as discrimina. Jesus, porém, não só não as discriminou como foi um autêntico revolucionário na sua dignificação, até ao escândalo", escreve Anselmo Borges, teólogo e fílósofo, professor da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, em artigo publicado no jornal Diário de Notícias, 16-07-2011.

Eis o artigo.

Nas últimas duas semanas, a ordenação de mulheres alcançou grande relevo nos media. Por causa de declarações inesperadas do cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo. Numa entrevista publicada no Boletim da Ordem dos Advogados declarara que "teologicamente não há nenhum obstáculo fundamental" à ordenação de mulheres. A recusa está baseada apenas na tradição.

A declaração teve eco em importantes órgãos de informação estrangeiros. Tanto mais quanto aparecia pouco tempo depois de um bispo australiano ter sido demitido devido à mesma abordagem do tema, e o vaticanista Andrea Tornelli fez notar que a declaração ia contra a doutrina afirmada por João Paulo II e Bento XVI.

Como seria de prever, choveram os protestos, provindos, segundo se diz, sobretudo do Opus Dei e do próprio Vaticano. As reacções, algumas de "indignação", obrigaram o patriarca a um esclarecimento, recuando. Nele, confessa a necessidade de "olhar para o tema com mais cuidado", acrescentando: "Verifiquei que, sobretudo por não ter tido na devida conta as últimas declarações do Magistério sobre o tema, dei azo a essas reacções." E reproduz a carta Ordinatio Sacerdotalis, de João Paulo II: "Declaro que a Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres e que esta sentença deve ser considerada como definitiva por todos os fiéis da Igreja."

Quando se pensa, vê-se aqui a tipificação do que é na Igreja o respeito pelo direito de opinião e expressão. Depois, não se atende à vontade de tantos bispos a quem não só não repugnaria como até gostariam de ordenar mulheres. Ficou famosa a afirmação de D. Eurico Nogueira, então arcebispo de Braga: "Gostava de ver uma mulher no meu lugar."

As mulheres têm motivos para estar zangadas com a Igreja, que as discrimina. Jesus, porém, não só não as discriminou como foi um autêntico revolucionário na sua dignificação, até ao escândalo: veja-se a estranheza dos discípulos ao encontrar Jesus com a samaritana, que tudo tinha contra si: mulher, estrangeira, herética, com o sexto marido. Condenou a desigualdade de tratamento de homens e mulheres quanto ao divórcio. Fez-se acompanhar - coisa inédita na época - por discípulos e discípulas. Acabou com o tabu da impureza ritual. Estabeleceu relações de verdadeira amizade com algumas. Maria Madalena constitui um caso especial nesta amizade: ela acompanhou-o desde o início até à morte e foi ela que primeiro teve a intuição e convicção de fé de que Jesus crucificado não fora entregue à morte, pois é o Vivente em Deus.

Santo Agostinho, apesar da sua misogenia, declarou-a apóstola dos apóstolos, devido ao seu papel fundamental na convocação dos outros discípulos para a fé na Ressurreição. Aliás, já São Paulo na Carta ao Romanos pede que saúdem Júnia, "apóstola exímia".

Evidentemente, os opositores vêm sempre com aquela dos Doze Apóstolos, entre os quais não consta nenhuma mulher. Esquecem que na instituição dos Doze se trata de uma acção simbólica, para indicar que começava o novo povo de Deus. Como as mulheres e as crianças na altura não contavam, o símbolo perderia a sua eficácia, se se falasse também de mulheres entre os Doze.

E também se diz que na Última Ceia não houve mulheres. Ora, esta afirmação é contestada por grandes exegetas. Depois, o famoso biblista Herbert Haag, da Universidade de Tübingen, com quem tive o privilégio de privar, ironizou: como eram só judeus os presentes, então a Igreja só devia ordenar homens judeus.

Sobretudo: é sabido que as primeiras comunidades cristãs se reuniam na casa de cristãos mais abastados, e quem presidia era o dono ou a dona da casa. Então, se já foi possível mulheres presidirem à Eucaristia...

A questão tem, pois, de ser revista. Para não ferir este princípio fundamental do Concílio Vaticano II: "Toda a forma de discriminação nos direitos fundamentais da pessoa por razão de sexo deve ser vencida e eliminada, por ser contrária ao plano divino."

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quinta-feira, 14 de julho de 2011

Apelo à desobediência. Manifesto de párocos austríacos

Publicamos aqui o Apelo à Desobediência da Iniciativa dos Párocos Austríacos. O texto foi publicado na página da iniciativa, www.pfarrer-initiative.at, 19-06-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

A recusa de Roma a uma reforma da Igreja há muito esperada e a inatividade dos nossos bispos não só nos permitem, mas também nos obrigam a seguir a nossa consciência e a agir de forma independente.

Nós, padres, queremos estabelecer, no futuro, os seguintes sinais:

1. Rezaremos, no futuro, em todas as Missas, uma oração pela reforma da Igreja. Levaremos a sério a palavra da Bíblia: pedi e receberei. Diante de Deus, existe a liberdade de expressão.

2. Não recusaremos, em princípio, a Eucaristia aos fiéis de boa vontade. Isso é especialmente verdadeiro aos divorciados de segunda união, aos membros de outras Igrejas cristãs e, em alguns casos, também aos católicos que abandonaram a Igreja.

3. Evitaremos celebrar, se possível, nos domingos e dias de festa, mais de uma Missa ou de encarregar padres em viagem ou não residentes. É melhor uma liturgia da Palavra organizada localmente do que turnês litúrgicas.

4. No futuro, vamos considerar uma liturgia da Palavra com distribuição da comunhão como uma "Eucaristia sem padre", e assim nós a chamaremos. Dessa forma, cumpriremos a nossa obrigação dominical em tempos de escassez de padres.

5. Rejeitaremos também a proibição da pregar estabelecida para leigos competentes e qualificados e para professoras de religião. Especialmente em tempos difíceis, é necessário anunciar a Palavra de Deus.

6. Comprometer-nos-emos a que cada paróquia tenha o seu próprio superior: homem ou mulher, casado ou solteiro, de tempo integral ou parcial. Isso, no entanto, não por meio das fusões de paróquias, mas sim mediante um novo modelo de padre.

7. Por isso, vamos aproveitar todas as oportunidades para nos manifestar publicamente em favor da ordenação de mulheres e e de pessoas casadas. Vemo-los como colegas, e colegas bem-vindos, ao serviço pastoral.

Além disso, sentimo-nos solidários com aqueles colegas que, por causa do seu casamento, não podem mais exercer as suas funções, mas também com aqueles que, apesar de um relacionamento, continuam prestando seu serviço como padres.

Ambos os grupos, com sua decisão, seguem a sua consciência – como nós fazemos com o nosso protesto. Nós os vemos, assim como o papa e os bispos, como "nossos irmãos". Não sabemos o que mais deve ser um "coirmão". Um é o nosso Mestre – mas somos todos irmãos. "E irmãs" – se deveria dizer, no entanto, entre os cristãs e cristãos.

É por isso que queremos nos levantar, é isso que queremos que aconteça, é por isso que queremos rezar. Amém.

Domingo da Trindade, 19 de junho de 2011

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quinta-feira, 7 de julho de 2011

Família Arnaldina prepara os trabalhos para o segundo semestre


Por Cláudia Pereira

O Grupo da Família Arnaldina participou de reunião ampliada com reflexão Bíblica no dia 18 de Junho no Seminário do Verbo Divino. O grupo após discutir a pauta dos seus trabalhos missionários, refletiu com Heloisa Carvalho o Prólogo de São João. Utilizando a metodologia participativa Heloisa ajudou o grupo a refletir os cenários sociais, políticos e históricos da sociedade cristã da época de São João, contrastando com a realidade social atual.
O grupo tomou como mensagem de São João, que o mais importante, é sermos cristãos católicos onde a igreja, mostra o amor fraterno. E com essa mensagem o grupo é inspirado para a programação do segundo semestre do projeto Juquiá.
A programação começará com estudo bíblico para o mês de Julho abordando o livro do Êxodo, curso de fotografia para o mês de Agosto, preparação para o Grito dos Excluídos em Setembro, mês e campanha missionária para outubro, liturgia e catequese em novembro. Com a agenda cheia para o próximo semestre a Família Arnaldina recebeu com alegria a proposta do Pe. Fabio para continuar os trabalhos em 2012.




segunda-feira, 4 de julho de 2011

Padres da Áustria defendem ordenações femininas e realizam manifestos



Um ano atrás, uma notícia proveniente da Áustria, a terra do cardeal arcebispo de Viena, Christoph Schönborn, discípulo e amigo do Papa Bento XVI, provocou muito rumor: não era simplesmente uma minoria que exigia que os padres pudessem se casar e ter uma família, ou que pessoas casadas pudessem se tornar padres. Cerca de 80% dos párocos do país se declararam favoráveis à abolição do celibato eclesiástico.

A reportagem é de Paolo Rodari, publicada no jornal Il Foglio, 03-07-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Um ano depois, a notícia é ainda mais perturbadora e está provocando muita preocupação à Cúria Romana. Helmut Schüller, o porta-voz do movimento "Iniciativa dos Párocos", declarou que, na Áustria, mais de 250 padres assinaram um abaixo-assinado no qual exigem que as mulheres possam ter acesso ao sacerdócio.

Juntos, os párocos quiseram desafiar abertamente o Vaticano em uma área delicada, ou seja, a comunhão aos divorciados. Helmut Schüller, porta-voz do movimento, disse que o Vaticano "não pode impor suas próprias convicções aos padres austríacos".

Uma parte do clero austríaco sofre há muito tempo para se conceber como alinhado com Roma. A pesquisa, cujos resultados foram publicados há um ano, afirma que 52% dos párocos entrevistados admitiram ter ideias diferentes das da Igreja oficial sobre importantes questões de fé e de pastoral.

Além de serem favoráveis à abolição do celibato e à abertura do sacerdócio às mulheres, 64% afirmaram que a Igreja deveria se abrir mais ao mundo moderno. Um outro ponto se refere à formação dos padres: 92% dos párocos pesquisados, portanto, quase a totalidade, expressaram a opinião de que a educação das novas levas do seminário deveria dar maior peso à sua formação humana.

"É como se os párocos estivessem descontentes com a nova geração de padres", comentou Gerhard Klein, diretor dos serviços religiosos da TV austríaca Orf. E acrescentou depois: "A cúpula da Igreja deve agir rapidamente, porque a maioria dos párocos pede reformas".

Há dois anos, os bispos austríacos foram convocados diretamente ao Vaticano por Bento XVI. A convocação foi desencadeada por acontecimentos que colocaram a Igreja da Áustria em grande agitação, começando com o episódio do bispo auxiliar de Linz, Gerhard Wagner, nomeado pelo papa segundo os procedimentos regulares da Congregação para os Bispos. Wagner, de estilo tradicionalista, devia apoiar o bispo titular da diocese, que tinha grandes problemas de governo. Uma campanha de imprensa, e principalmente a reação de alguns coirmãos do episcopado, levou Wagner a se demitir antes da consagração.

Mas as preocupações do papa foram motivadas também por outros episódios que ainda hoje parecem não ter encontrado a sua conclusão: na Áustria, alguns padres conhecidos e com papeis importantes (também na mesma diocese de Linz) admitiram viver há anos com uma companheira.

Não é um bom momento para a Igreja austríaca. Todos os anos, há milhares fiéis que se afastam. Estima-se que, desde 1976 até hoje, mais de 1,3 milhões de fiéis abandonaram a prática religiosa. A ruptura que a Igreja sofre é a existente entre tradicionalistas e progressistas.

De um lado, existem grupos de tradicionalistas ligados às alas mais extremas do conservadorismo. De outro, grupos de católicos liberais que, na esteira do movimento Nós somos Igreja, pedem que a hierarquia estimule as reformas sempre mais, sob pena do abandono em massa da Igreja.

A recente denúncia feita contra Schönborn por ter escondido, em 1994, dois casos de abuso sexual por parte de religiosos da sua diocese aumentou ainda mais os problemas de uma Igreja gloriosa no passado.

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